segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Vi, vi


Vi vinte e cinco elas,
mas nenhum elo que me ligasse a eles.
Vi todos eles.

Vi faces de amendoim, cabelos de assunto,
vi Fortunato, o poeta Ariano, vi infortúnio.
Vi trinta e cinco elas.

Saí cedo demais, não trágico: doloroso apenas.
Na viela improvisada não vi ela.
Vi tratores – objeto do meu prazer –
asfalto removido, uma lâmpada, jaquetas.

Vi bela donzela.
(Seu cabelo me roçou o braço)
Vi cadernetas em branco,
sorrisos brancos em brancos rostos de amendoim,
ai de mim, encontrá-los!

Vi sobretudo a prostituição da poesia.
Assistida por sorrisos nervosos de perfeita barba,
estudantes “sim” e seu ininterrupto aplauso.
Na palestra do poeta vi setenta e cinco elas,
mas não a encontrei por lá.

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