sábado, 17 de novembro de 2012

Metaforando


Como caravela que resiste
ao impulso brando do vento
por pura resignação,
eu permanecesse aqui.

Há também a metáfora da flor
(particularmente não gosto dela),
que não cria raízes profundas
e o vento leva (o mesmo vento).

Tenho âncora.
Crio raízes, só não permito que os galhos me sufoquem.
Sossego, me estabeleço, absorvo, sugo,
compreendo e floresço;
a raiz fica.
O que voa são pétalas, pólen. Fragmentos de mim,
que novamente se fortalecem,
e os agentes polinizadores – singelos bichinhos
não são assim tão singelos.

É a angústia que me faz partir.
É a angústia que me parte em fragmentos que se dispersam,
mas usando a metáfora que você me impôs,
floreio a vida real.
Transformo problema em intempérie, lembrança em raiz,
eu – totalmente confuso e desnorteado – em pólen…

Ah, maldita poesia, que nubla a compreensão da vida!

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