sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Poema Rimbaudiano



Quero fundir meu corpo ao caos!
Que a minha existência seja o sinônimo do absurdo!
Vou devorar estradas e vinhos, carne e Deus.

Enfiei o punho na existência,
tem cheiro de vômito.

Desmascararei os filósofos e — sobretudo
os monges com seu silêncio pedante.

Andarei pelo pântano e direi:
"Onde estão vocês, almas condenadas?! Vamos festejar!"

Surgirão mendigos, alcoólatras, loucos, mulheres como Zelda Fitzgerald,
homens como Rimbaud e começaremos a celebração!
Sem limites, sem pudor, sem consciência linear.
Atuaremos para Buñuel. Ou Arrabal.

Seremos a corja, os habitantes do inferno.
Um riso escancarado e interminável narrara a noite.
Seremos santos no entanto.
Purificaremos a alma com o elixir da luxúria
e estaremos prontos.
Sim.


São Paulo, 2012                                                       

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Puro enfim


De tanto tropeçar em linhas tênues,
manchei de barro minha honra.

De tanto andar a esmo sob o sol,
tornou-se o barro pesada armadura.

Fechado em mim
sujo e famélico,
construí pequeno império de certezas amargas.

Tive orgulho.
(Arrogante e ingênuo orgulho.)
Escrevi amores, asfalto,
terras novas...

Nunca fui feliz.

Atravessei invernos cruéis
verões cruéis
primaveras murchas
outonos sem cor
e cheguei a você.

Descartei a armadura.
Me banhei na água pura que nasce de ti.
Conheci o mais sublime cheiro de vida.
Abdiquei do meu império,
larguei terras velhas,
enterrei amores...

Tenho orgulho e devo anunciar:
Nunca fui tão feliz.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Chama

Entrego a vida à tua chama rubra.
Peço: me incinera.
Me destrói e cuida.

Prepara a mobília,
                   logo eu chego.

Mais como quem vem fugido;
chego como quem busca redenção, colo
e lar.


domingo, 3 de novembro de 2013

mais um que é dela

você, leoa
me transfere a função:
vou de predador a presa
e preso sob suas garras e juba solar,
transcendo
e morro.