todos os dias
eu tomo o ônibus das
quinze-pra-seis.
todos os dias
eu olho pra cara cansada
e desiludida
das pessoas
no ônibus das quinze-pra-seis.
eu olho pra cara cansada
e desiludida
das pessoas
no ônibus das quinze-pra-seis.
todos os dias
eu leio contos
e poemas
a caminho do trabalho
e,
enquanto mergulho no céu
cor de papaya,
estico os ouvidos até as conversas engraçadas
dos passageiros.
eu leio contos
e poemas
a caminho do trabalho
e,
enquanto mergulho no céu
cor de papaya,
estico os ouvidos até as conversas engraçadas
dos passageiros.
mas
hoje
eu tomei o ônibus das
seis e vinte.
hoje
eu tomei o ônibus das
seis e vinte.
hoje
o céu tem cor de
fumaça de óleo diesel
e
eu não encarei os passageiros
cansados.
não estiquei os ouvidos. hoje
eu sinto
aquela velha tristeza
que há tempos não me visitava.
o céu tem cor de
fumaça de óleo diesel
e
eu não encarei os passageiros
cansados.
não estiquei os ouvidos. hoje
eu sinto
aquela velha tristeza
que há tempos não me visitava.
hoje,
meu amigo,
a noite vai ser longa...
meu amigo,
a noite vai ser longa...
...
mas
amanhã,
quem sabe,
eu tome o ônibus das quinze-pra-seis
e leia Hemingway
enquanto
estico os ouvidos, buscando
as lamúrias das Marias
ou
a fúria das Jandiras
ou
seu Zé e suas mentiras,
ao passo que o céu
cor de papaya
nos brinda com
sua magnitude
lá fora.
amanhã,
quem sabe,
eu tome o ônibus das quinze-pra-seis
e leia Hemingway
enquanto
estico os ouvidos, buscando
as lamúrias das Marias
ou
a fúria das Jandiras
ou
seu Zé e suas mentiras,
ao passo que o céu
cor de papaya
nos brinda com
sua magnitude
lá fora.