sábado, 17 de novembro de 2012

nossa estria


nossa estria é um mosquito zunindo.

o poeta diria uma corda no pescoço
ou grilhões sobre os membros
mas não é assim tão vital.
é um cachorro mordendo o calcanhar
é tentar lembrar o que se esqueceu
e não lembrar
é rimar sem intenção

só me enxergo com seus olhos e o que vejo é cruel.
nossa estria são cupins roendo meu ego
quando a noite cala.

com maestria você rege a orquestra fúnebre
do silêncio –
seu rosto se transformou,
parece borracha.
nossa estria são cupins roendo minha cama
quando a noite seca.
                       
essa estria
(que embora às vezes quase suma)
                pode se tornar cicatriz coronária
quando peço doses,
e só na terceira percebo
que essa é a bebida do nosso
primeiro ritual –
                                 e já aqui você dissimulava.

                               as estrias que você tanto escondeu
                               não se parecem em nada com as que
                               mostro agora.


essas doem,
acredite.

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