segunda-feira, 5 de novembro de 2012

a segunda pessoa


não és bela
nem és doce.
(não és flor,
não és doce.)
és grosseira
és obtusa
és rameira
és medusa
(medusa cacheada)

és ingrata,
das malditas
“és Gabriela”,
digo, e te irritas.
não compreendes:
tens cor de amêndoa
apenas isso.

tu nas camas
és enguia
sei, não me amas
(teu mel me guia)

teu mel amargo
me enxarca os dedos
lambo-os.
e em seguida te sugo.
pra dentro do estômago
pra dentro do âmago

teu mel amargo
me corrói os dentes.
encontro teu útero
finges que sentes

feito o teatro
finges que sonhas
sonho. (finjo que sonho)
vou trabalhar,
tu me abandonas.

então sou obrigado a recorrer
à segunda pessoa.
que singular!

Nenhum comentário:

Postar um comentário