segunda-feira, 5 de novembro de 2012

academia (ou poema para Fernanda)


eu disse a ela:
para de perder tempo retificando os erros!
e ela me disse: desculpa!

eu disse: não se desculpa, isso não tem importância!
               chega logo ao ponto! chega logo ao ponto!
tudo bem, ela disse, eu vou tentar.

tentou tentou tentou
e não chegou a ponto algum.
tocou trinta teorias
topou em trinta filósofos
catou diversos movimentos
rememorou sessenta citações
e não disse nada!

tremeu um fonema:
ai, desculpa!

berrei,
ela riu.

“é que eu preciso de um aparato enorme de tranquilidade, gestos e citações.
  e a metodologia...”

minha amiga não percebia
a armadilha
em que havia se metido
com seu pensamento acadêmico.

tentou por mais quarenta minutos
me dizer sua opinião
mas, aparentemente, os autores, os gestos
as teorias, as citações e a forma
estavam muito além do seu
alcance
naquele momento.

foi embora
fazer prova.

torci para que os teóricos a iluminassem
nessa.

Um comentário:

  1. Ó, eu até faria um comentário, mas precisaria de gestos, citações e tranquilidade. Fiquei tão esfuziante que a tranquilidade é a mais difícil de achar.

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