domingo, 24 de fevereiro de 2013

Casamento

Meu amigo vai se casar!
(Logo ele!)
Comemoraremos.

Velhos amigos se reencontram e mentem.
Seu casamento é um ritual absurdo!
(Todos são, mas apenas esse é o casamento do meu amigo.)
E no altar, já não parece o meu amigo.
Quando vou cumprimentá-lo, me trata com certa indiferença.
(Meu amigo agora é um homem e parece me desprezar.)
Está casando, grande merda!
Sustenta esse fato com nobreza. (De fato, não parece o meu amigo.)

Decido ficar totalmente bêbado.

Whisky, vinho e cerveja.
(Tendo no corpo a reminiscência de ansiolíticos.)
Talvez eu arme um pequeno show.
Tudo bem.
Muitos aqui já estão acostumados,
mas acredito que a burguesia ficará chocada.
Não quero estragar o casamento,
mas gostaria de ter meu amigo novamente.

Ele aperta mãos. Muitas mãos.
E sorri e fala baixo e parece atuar, maquiado.

Meu amigo está casado.
Logo ele!
Grande merda.

Qualquer um pode se casar
E dizer absurdos no altar, com centenas de testemunhas complacentes.
Todos sabem: ele está mentindo.
Até a noiva sabe. Mas se não for com ele, com quem será?
O mercado anda competitivo, é melhor garantir.
Além do mais, papai está tão contente. Até bancou essa festa caríssima!

Na festa gritam meu nome.
Sou Deus. Sou o centro.

Posso tudo.
Tento tudo e sou retirado pelos pés.

Me jogam na rua, alucinado e sozinho.
Falam algo sobre polícia.

Meu amigo está casado,
e eu não tenho ideia de
onde estou.

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