quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sobre sobrancelhas e répteis

Suas sobrancelhas quicaram até mim e
Seus olhos me temiam.
Me temiam, frágeis
No entanto vieram.
Talvez confirmar que minha pele é cera
E que
Por trás da barba vive um
Bagre
Liso e frio.

Seus olhos vieram dizer
“vou embora”
E eu pergunto até quando
“talvez na segunda”, você diz.
Tentamos um cumprimento desajeitado – erramos a mira.
Disfarçamos.

É quarta-feira e a luz da sua casa
Continua apagada, mas as baratas estarão lá,
Prontas.
Os empecilhos seguem nos assombrando
E foi cruel demais que vocês duas trabalhassem juntas.
Répteis.

E vocês duas são como serpentes na cama.
Envolventes e precisas. Meio loucas.
Me envolvem sem quebrar os ossos,
São cobras mansas.
Sobrancelhas e corpos diferentes,
Cuidam de mim como podem, ainda que as sobrancelhas duvidem de tudo.

Já é quinta-feira e você não voltou.
Tudo bem.
Tenho o teto branco e minha TV permanece sem som.
Te ouvirei chegar
                        se...


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