sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Praça (Trilogia abrupta, 2/3)

     Na praça Matriz, um homem poderia facilmente despertar olhares curiosos por preferir a mureta ao banco, mas talvez esteja ali imóvel há tanto tempo, a modo de ter mesclado-se à visão geral da praça. O sol massacra. O grande sino da igreja central bateu por doze vezes ainda há pouco. Apenas um alguém percebe esse homem que parece estar recebendo a energia do sol, como faria o lagarto. É alguém de fora. Talvez por isso não tenha fundido o homem à praça — porque agora mesmo esboça suas primeiras impressões à memória.
     O estranho homem tem o olhar fixo, mas o forasteiro não distingue o foco. Dez minutos, o forasteiro finalmente se levanta e some dali. O homem segue fixo.
     Uma garota exalando o frescor da juventude despede-se dos amigos e ruma para as ruas históricas. Almeja encontrar os pais no mercado municipal, três quadras abaixo. A garotinha em seu jeans leve e fone nos ouvidos não detecta seu perseguidor, que a agarra e a leva para uma estreita rua sem saída e arranca seu jeans e esmurra sua nuca até que ela desmaia tendo emitido apenas um abafado e ingênuo gemido e então o estranho homem consegue com facilidade penetrar seu fétido pau duro e roxo na vagininha virgem da garota que sequer reage às estocadas violentas que tocam e ferem seu colo do útero e seu ego pro resto da vida. O homem goza rapidamente. Dentro. Ergue a calça, mal fecha o zíper e ruma eufórico e vazio para longe dali.
     Nenhum pensamento lhe ocorre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário