quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Eu, o mundo

O mundo não se importa com o meu sofrimento.
De que interessa se estou de luzes apagadas?
De que importa ao mundo que eu esteja aqui trancado?
De que vale saber que estou com o nariz impregnado desse mau cheiro?

O mundo não se importa com isso.
O mundo é tão maior que isso…

Meu sofrimento não comove o mundo,
porque agora mesmo alguém festeja.
Agora mesmo namorados se protegem.
Nesse exato momento alguém sofre mais que eu.

De que importa ao mundo o meu sofrimento?

Não iremos longe.
Meus vizinhos também sofrem no escuro.
O escuro também sofre com a luz dessa tela estúpida.
E a luz, que sofre por nascer e não ter onde refletir,
falecendo?

Não quero escrever meu drama.
Definitivamente não quero escrever meu drama.
A escrita é doença.
É a doença da esperança.
E a esperança é a doença dos covardes.
Não quero escrever meu drama.

De que importa se sofro?
De nada importa.

Rimbaud foi perfeito.
(A velha idolatria a Rimbaud.)
Soube escrever a plenitude
e foi além
quando desistiu da escrita.
Rimbaud deixou de escrever seu drama.

De que adianta?
De que importa?!

O mundo é tão maior que o ego ferido do poeta…
Ao mundo, definitivamente não importa que eu esteja no escuro.
Se importasse, o mundo acenderia minha luz, curaria minha dor, me escreveria esse poema.
Mas tudo isso depende de mim.
E hoje eu sou tão maior que o mundo.


3 comentários:

  1. Não sei quem é que faz seu mundo, mas do lado de cá, tem gente que se importa. Talvez não seja um mundo inteiro, mas ainda assim, se importa.
    B.

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  2. Eu acho, sinceramente, que não é o mundo que não se importa com você. Você que foge do mundo.

    Eu me importo com você, mas do que adianta, se você não se importa que eu me importe?

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