terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
Todo o peso do tempo
Essa chuva branca.
O cansaço do velho.
A extinção da vaidade.
Querer inalar mais que os pulmões suportam.
A falta de ar.
Desordenadamente penso imagens febris
E busco ser o próprio filtro,
O próprio pulmão da poesia.
Me vejo de fora e percebo esse pequeno labirinto que são os pensamentos.
Um sistema fechado e redundante.
Obstruído pelas próprias marcas da repetição.
Vincos fundos, como córregos canalizando essa mesma chuva branca.
A serpente que se auto-devora.
Um jogo de espelhos.
O eterno retorno.
Todo o peso do tempo numa fração de segundo.
É nesse ponto que me concentro
Sem ar
Cansado
Ainda vaidoso.
Desordenadamente releio e remendo
Tecidos e trechos.
Nós há muito atados.
Serei eu mesmo (quem haveria de ser, senão eu mesmo?)
A própria espada de Alexandre.
A decisiva e eterna espada de Alexandre.
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