quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Retorno outra vez à escrita




Retorno outra vez à escrita.
Após tê-la cuspido e difamado.
Retorno porque preciso
Portanto mais humilde, falando baixo.

Se pudesse escolher, não voltaria.
Se pudesse escolher, seria engenheiro ou programador de sistemas
Prático e concreto num mundo líquido-volátil
Mas já não posso.

Cruzei há muito a linha definitiva.
O momento irreversível ilustrado por Kafka
E outros.

Tentei ser todo música, não deu.
A poesia exige e ocupa seu próprio latifúndio.
(Poderia agora enveredar por metáforas sobre poesia e terra
Mas, como o filho pródigo, retorno simples e claro)

Se pudesse escolher, seria o agricultor integral de todo ação e pouco gesto.
Jejuaria palavras.
E minha boca seria só afirmação.

Acontece que não posso.
Então retorno. Com boas novas,
Sabendo que nada adiantará:

A noite escura não se amanhece com um feixe de luz.




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