Cansado de angústias e olhares que me tomam por ridículo
busquei abrigo em algum tipo de caverna metafísica.
Eu, que nunca consegui ter fé
me esforcei pra encaixar meu corpo nos moldes de um certo budismo ocidental
E fui além, tentando seguir os passos e as palavras de Cristo.
Então minha angústia, que parecia diminuir, tomou proporções absurdas
e os olhares que me tomavam por ridículo se intensificaram
E a sensação de estar sempre fora do tom
como se em toda reunião social houvesse um protocolo implícito de tão óbvio
E eu fosse o único a não percebê-lo, destoando sempre e tanto,
Ridículo.
Suponho que essa nova angústia viesse da incapacidade de encaixar meu corpo
nos moldes do budismo ou na
Impossibilidade de ser como Cristo.
Perceber e negar isso — esse ideal de pureza e plenitude
me foi libertador, de tal forma que de repente me pego andando pela rua
Tranquilo, observando mas não julgando,
percebendo e não racionalizando.
Posso até parecer distraído e um pouco fora do tom, reconheço
e aceito.
Não me preocupo mais.
Sou e devo ser exatamente isso que sou:
Nem inseto nem semideus — homem.
E pra provar isso a mim mesmo,
me lanço numa busca homérica pelas ruas de Belo Horizonte
Atrás de um redentor
Pão com linguiça.
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