quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Esses homens





Sinto pelos pedreiros ao meu lado no ônibus
O mesmo amor
Que senti pelo patrão ardiloso
Há pouco, quando esse
Tentou me dissuadir com malícia.

Busco e não encontro ponto comum entre esses homens.

Jamais frequentarão as mesmas festas
Os mesmos restaurantes
As mesmas praias

Exalam cheiros distintos
Palavras distintas
Malícias de homem
Distintas

No entanto meu amor por ambos é o mesmo.

Lateja as mesmas veias
Acaricia as mesmas partes do corpo:
Nariz, coração e a camada mais sensível da minha pele
(Talvez também uma cócega no fêmur)

Não será possível chamá-los irmãos
Apesar das palavras de Cristo.

Em última instância, talvez nem se enxerguem
Se um dia cruzarem a mesma calçada.

É colossal o abismo que os separa
No entanto
Meu amor por eles é exatamente o mesmo.

Medito.

E enfim encontro minha obscura resposta:
O meu amor
É o próprio e último ponto comum entre
Esses homens.

Meu amor é o que os torna irmãos.





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