quinta-feira, 26 de março de 2020
Um lugar seguro da infância
Há um cômodo suspenso
Numa antiga casa da infância
Para onde tenho voltado
Até demais.
É o menor e mais distante cômodo da casa.
E eu estou lá.
Vejo a tábua de passar,
O armário com pregadores de roupa e
produtos de higiene.
Uma janela azul-solar,
Esse sólido baú trancado.
Brinco em silêncio e quase não me movo.
Pareço disfarçar.
Os movimentos calculados
Querem não acordar um cão
ou um pesadelo.
Não sorri na memória a criança que fui.
Os bonecos de herói travam batalhas sutis.
Brinco pra justificar minha presença ali.
Vejo só três cantos do cômodo.
Em um estou.
Esse cômodo era então meu refúgio-silêncio
E parece que ainda é.
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