segunda-feira, 2 de março de 2020
Escrever um livro
Não quero escrever um livro!
Seria como eternizar o jornal de ontem
— Moldura sólida, betume, prego e duratex
nas paredes moles da memória.
Eu não!
Quero calar até que as pedras invejem meu silêncio e
desistam de ser pedra-calada.
Ficarei imóvel até que as prateleiras
esquecidas no fundo de uma biblioteca de bairro
Desistam de ser prateleiras
esquecidas no fundo de uma biblioteca de bairro.
E saiam por aí, deslizando os pés pelo asfalto
em comunhão com aquelas pedras-cantantes.
Só então pintarei no papel
Alguma palavra que mereça,
suplique a moldura da eternidade!
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