sábado, 15 de março de 2014

Dor

Dói tanto lembrar de tantos momentos e saber: aquela não era você.

Seu desconforto era conflito entre múltiplas faces (ainda ocultas),
sua angústia era certa repulsa a mim, entregue inteiro e tanto.

Dói físico.
E dói metafísico rememorar seus olhos amarelos agitados diante de mim, tão falsos.
É absurdo que isso aconteça.
Absurdo.
E só não choro porque sequei.
Meu peito seco recebe inteiro o golpe,
Sem lágrimas antissépticas.

Me parece já impossível ser o mesmo. Sigo porque devo, coberto de cicatrizes
e feridas prestes a brotar.
Minha lepra será vagarosa e cruel.
Não há mais morfina.

A dor não coube no poema.

setembro, 2013                                                                                                           

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