quarta-feira, 23 de março de 2016

noite de tédio em maio de 2012



tédio.
nenhuma rota de fuga hoje.
ilhado no meu recanto
alheio à chuva
filtro sons
mato alguns mosquitos, mato o tempo, corto as unhas do pé.

sinto que alguém me observa.
atuo numa fantasia premeditada, esperando que algo aconteça.
nada jamais acontecerá.

cato fios de cabelo pela casa.
ouço a chuva,
corroído pelo vazio.

escuto passos no corredor e imagino uma visita inesperada.
outra porta se abre,
minha fé se fecha.

a chuva resolve se lançar com tudo
me fazendo lembrar de um amigo que mora na rua.
torço pra que ele esteja seguro.
(certamente estará.)
vive na rua com a filha de um diplomata nigeriano.

tempos atrás, essa garota me ofereceu um boquete no meio de uma noite turva
por 5 reais.

não aceitei.

só não consigo me lembrar o motivo
disso tudo.



05/2012

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