sábado, 22 de abril de 2017
uníssono
nossos ombros embriagados em uníssono
riem desses passos clandestinos
que nos levam ao alojamento universitário
teu quadril no quarto me convida
e todas as nossas células rompem em uníssono o silêncio noturno.
tudo é tão absurdo.
fantasmas do passado, diluímos em saliva e álcool.
despimos as lentes — o que importa é perto e agora.
testemunhamos no escuro o milagre que une deus e diabo
e quando o dia ameaça enfim invadir nosso mundo
tornamo-nos humanos
e nossos estômagos
(roncando em uníssono)
digerem cúmplices a pasta de amendoim.
meio-dia,
é preciso seguir.
nos despedimos à porta do refeitório
e na minha cabeça clandestina circulam
como profecia realizada os versos daquela canção.
sóbrio ando torto pelo desequilíbrio da tua ausência,
como quem desaprende a caminhar com as próprias pernas.
ganho a rua imerso na promessa do amanhã
e canto:
I've never used to kiss
Like we did last night.
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