sábado, 22 de abril de 2017
pão com azeite
sinto que deveria compor música — a única unanimidade universal
mas é ao poema que recorro agora.
é ao poema que peço socorro
porque só no poema a vida se realiza plenamente.
é na tinta da caneta que resgato teu sorriso.
é na curva de uma vírgula que capto tuas reticências...
só agora, deitado num colchão no chão,
sinto o gosto do teu pão com azeite.
sem melodia ou acorde tiro de ouvido
todo gemido
e cada gota d'água que escorreu do nosso banho
tão precoce e íntimo.
não me intimido diante da possibilidade do fim —
sempre terei tinta e tela
e caso me encontre perdido no escuro outra vez
sei que poderei fechar os olhos e
imediatamente enxergar o mundo
pela inesgotável luz que um dia jorrou de ti.
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