quarta-feira, 10 de setembro de 2014

geometria


numa roda de três garotas ele chega. aborda a do meio.
meio? roda não tem meio. 
roda é círculo, cacete.

triângulo. aborda o vértice. 
(tá mais pra vórtice.)

veste-se de modo colegial 
a garota.

"escuta, eu posso falar com você?
eu não vou te fazer mal.
eu só quero falar com você."

ela gira os olhos em espiral.
esbarra nas colegas, 
catetos.
sendo ela hipotenusa. 
(musa.)

muda, sorri vermelha e dá um passo. 
linha reta
na direção dele,
que diz:

"eu trabalho na biblioteca.
eu sempre te vejo aqui esperando o ônibus.
eu chego mais cedo só pra poder te ver.
eu não vou te fazer mal.
eu só quero falar com você."

querendo sair pela tangente,
ela não diz nada. 
sorri, meio encabulada.
na calçada cheia 
de gente que passa,
indiferente.

ele não vai fazer mal.
ele só quer falar pra ela.

então pronto.
falou, tá falado.
agora se sente culpado.
não por ser casado, 
mas por saber que seu amor 

se tornou
quadrado.


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