quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Essa dor



O desespero e a incompreensão me deixaram.
Assim como todos,
me deixaram.
(Ou fui eu quem os deixou?)

O que restou?
Uma tristeza calma.
É triste, sim.
Dói, sim.
Mas dói de modo sereno,
quieto.
Pela tranquilidade da tristeza, sei: será duradoura.
E quase sinto seu afago.
(Quase…)

Tristeza irremediável,
insubstituível,
tristeza límpida.
Mais digna que o ódio.
Mais pura que o amor.
Mais simples que a felicidade simples.

Dor que me acompanha por todo o caminho até em casa.
Se afasta do trânsito junto comigo, penetra na noite fria e clara,
dobra a esquina ao meu lado e sobe a ladeira admirando as casas.

Num relance, penso que a presença da dor é a de um amigo
e quando vou dizer “que casa linda, não?”, percebo que a dor
não tem ouvidos. E me calo.
Quase esboço um sorriso.
(Quase…)

E entro em casa pensando,
acho que vou tomar um longo
banho quente
hoje.


Nenhum comentário:

Postar um comentário