quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Enquanto espero a água ferver




Iluminado pelo fogo das velas
Sinto a chuva perto e me conecto com a Grande Verdade
que é simples.

(Há duas velas aqui
Já pela metade)

A água enfim ferve e me levanto
Pra desligar o fogo.

Passa um carro lá fora e o vento parece ter cessado de vez.
Penso nas grandes plataformas de petróleo em alto mar
Tão solitárias
Imensas
E ali dentro, numa pequena salinha, sentado num banco de concreto
Um homem pensa em sua família e
Questiona a realidade.

Olha para o chão de cotovelos apoiados numa mesa dura
As mãos sobrepostas frente à boca sustentando o peso da cabeça.

Eu te saúdo, companheiro!
Sua dor é minha
E também sua alegria e a capacidade de arregalar os olhos
Diante do espantoso destino-horizonte.

Uma das chamas se eleva absurda
Fazendo pensar na eternidade e Jorge Luis Borges
Escrevendo no escuro das pálpebras
Walt Whitman diante do assombroso Céu Eterno
Um mar agitado
Agredindo rochas eternas
E tudo tão grande mas assassinado pelo som eletrônico de algum celular





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