quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Aos meus irmãos de dor




Do que fogem, meus irmãos?
Por que maltratam tanto seus corpos?
Não sabem que seus corpos são parte do mundo
E que o chão é tão sagrado quanto o céu?

Vocês querem se ferir mas com isso ferem a mim e a meu filho.
Vocês querem me ferir mas acabam se ferindo dessa maneira.

Eu compreendo sua dor.
Eu sinto sua dor.
E por muito tempo pratiquei também a dor e a destruição
Supondo que isso me tornaria maior que deus.

Mas as flores morreram, depois os frutos
E por fim a água enturvou
E nada mais brotava dessa terra agora infértil
Que é nosso corpo - e que por si só é também nossa alma.

Quando tudo enfim se tornou um pântano escuro e inóspito
E já não mais existia prazer na dor e na destruição
Percebi que bastava esperar e a Verdade se revelaria
De dentro pra fora
E que as sementes da verdade estiveram sempre ali
Aguardando pacientemente
As condições e o momento certo de brotar.




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