segunda-feira, 11 de julho de 2016

estria



nossa estria é um mosquito zunindo.

o poeta diria corda no pescoço
ou grilhões sobre os membros
mas não é assim tão vital.

é um cachorro mordendo o calcanhar
é tentar lembrar o que se esqueceu
e não lembrar
é rimar sem intenção.


só me enxergo com seus olhos e o que vejo é cruel.
nossa estria são cupins roendo meu ego
quando a noite cala.

com maestria você rege a orquestra fúnebre
do silêncio –
seu rosto se transformou,
parece borracha.

nossa estria são cupins roendo minha cama quando a noite seca.
                      
essa estria –
que embora às vezes quase suma –
                pode ser quelóide coronária
quando peço doses de Cynar
e só percebo na terceira dose
que essa é a bebida do nosso
primeiro ritual –
                e já aqui você dissimulava.

                               as estrias que você tanto tentou esconder
                               não se parecem em nada com as que
                               exponho agora


essas doem demais,
acredite

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inverno, 2012, São Paulo/SP                                                                                                            

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