quarta-feira, 28 de setembro de 2016

flores nas mãos



sou uma bomba-relógio atada a um corpo estranho ou
carrego nas entranhas fogos de artifício
que explodem sem cor?

acordo de mais um suicídio mal-sucedido.

"toda bomba pode ser desarmada", ela me diz com calma.

suspiro com pesar
porque
apesar desse cuidado
e a boa intenção de quem ainda acredita,
já conheço os passos dessa estrada
e sei que as explosões seguirão ocorrendo.

ela não quer saber,
insiste em me salvar.

temo machucá-la,
temo não ter mais jeito.

"isso que você me diz, tantos já disseram" e no entanto sigo assim
ingerindo esses coquetéis destrutivos.

"pois agora sou eu aqui, dizendo outra vez
e você vai me ouvir".

não respondo.
ouço o tiquetaquear aqui dentro.
preconizo novas explosões
após raros dias de calmaria.

quem diria,
depois de tanta toxina
alguém se aproxima
com flores nas mãos.



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