quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Puro enfim


De tanto tropeçar em linhas tênues,
manchei de barro minha honra.

De tanto andar a esmo sob o sol,
tornou-se o barro pesada armadura.

Fechado em mim
sujo e famélico,
construí pequeno império de certezas amargas.

Tive orgulho.
(Arrogante e ingênuo orgulho.)
Escrevi amores, asfalto,
terras novas...

Nunca fui feliz.

Atravessei invernos cruéis
verões cruéis
primaveras murchas
outonos sem cor
e cheguei a você.

Descartei a armadura.
Me banhei na água pura que nasce de ti.
Conheci o mais sublime cheiro de vida.
Abdiquei do meu império,
larguei terras velhas,
enterrei amores...

Tenho orgulho e devo anunciar:
Nunca fui tão feliz.


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