sexta-feira, 1 de março de 2013

findo mundo



findo mundo:
finjo quieto,
falo mudo.

fim do mundo:
homens fingindo orgasmo.

vil,
findo mundos –
finjo muito,
calo mudo.

áspero.
ou liso.

findo muito.

somos cruéis, absurdos.
finjo imundo,
forjo mudo
o fim do mundo.

nosso mundo (meu e seu).
sem dedicatórias,
sorrisos assim,
flerte.

findo tudo, não mais precisaremos fingir.

findo o mundo, nasceremos.
com piedade que dói em nós
piedade gratuita, terrível.

(todos os pensamentos me levam a você,
  o que fez você hoje?)

forjo um poema;
sai frígido e frágil.
o relógio me avisa:
01:58
01:59
nenhuma palavra será necessária às 02:00.
então calarei.
mudo.
tudo.

fingimos juntos, em total harmonia
às duas horas
da manhã.

Um comentário:

  1. Mas olha quem postou novos escritos! (Pelo visto, você está a todo gás, né?)
    Fico feliz, Leo. As palavras são suas amigas, e você amadureceu com elas. Está mais conciso.

    Sou suspeita pra te elogiar, mas gostei especialmente desse poema. O jogo de palavras, como você as encaixa bem e como brinca com elas, incrível. Me lembra Ferreira Gullar... E percebo, também, uma valorização estética nos seus poemas. Você é um contemporâneo, e isso é notável, porém escreve diferente do que é de costume atualmente.

    Forte abraço. E parabéns!

    (Ah, eu te mandei um e-mail)

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