quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

VHS



o filme francês me comoveu
com toda sua melancolia
solidão e pílulas

então decidi escrever um poema comovente
que arrancasse do leitor
essa mesma melancolia que sinto agora.

tentei retratar o homem estrangeiro,
o suicida,
a moça catatônica na cama,
a jovem atriz que me remeteu ao passado esquecido...

o poema ia bem.
repleto de lirismo e uma estética VHS

mas quando notei
o estrangeiro em mim,
a solidão dessa noite morna,
meu passado incompleto
e as pílulas que ingeri para afastar pensamentos suicidas,
compreendi: o poema já estava escrito.
em mim.

na minha pele, meu trapézio
no meu estômago.

o poema era meu próprio corpo
catatônico
em minha cama impregnada
de suor
e letargia.




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