nossa estria é um mosquito zunindo.
o poeta diria uma corda no pescoço
ou grilhões sobre os membros
mas não é assim tão vital.
é um cachorro mordendo o calcanhar
é tentar lembrar o que se esqueceu
e não lembrar
é rimar sem intenção
só me enxergo com seus olhos e o que vejo é cruel.
nossa estria são cupins roendo meu ego
quando a noite cala.
com maestria você rege a orquestra fúnebre
do silêncio –
seu rosto se transformou,
parece borracha.
nossa estria são cupins roendo minha cama
quando a noite seca.
essa estria
(que embora às vezes quase suma)
pode se
tornar cicatriz coronária
quando peço doses,
e só na terceira percebo
que essa é a bebida do nosso
primeiro ritual –
e já aqui você dissimulava.
as
estrias que você tanto escondeu
não
se parecem em nada com as que
mostro
agora.
essas doem,
acredite.
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