Desperto de uma noite vivida e eternizada no vasto porão da memória,
calço chinelos para poupar a sola.
Ando devagar e me surpreendo. A alma, apressada, tropeça e cai de cara.
Rememoro a noite eterna.
Bem longe daqui,
naquela cidade onde nunca mais estive
acolhido naquela casa que volto vez ou outra
(em sonho)
na presença leve e quente da garota-cacto.
Noite de mesma textura de tantas passadas,
de olhar pela janela e perceber um céu alto e impessoal.
De perceber que o mundo é vasto
e que somos insuficientes,
ainda que plenos em momentos como esse.
Plenos em nossa pequenez que jamais deve ser questionada, porque absoluta.
Abro a porta, devaneios desfeitos,
textura escorrida, presença extinta,
sonho encerrado.
Porta aberta, a vida massacra
plenamente.
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