eu estive no inferno
e por alguns anos me ocupei com tudo aquilo que deixei pra
trás.
mesmo nesse período, algumas mulheres frequentavam minha casa;
umas como serpentes, outras como estrelas plásticas, algumas
desgarradas,
houve até aquela mãe que ejaculava.
eu andava preocupado com alguns assuntos:
meu estômago, minha sanidade, meu ego.
compreensivelmente, nunca me lembrava do papel higiênico,
então essas mulheres passaram a carregar seus rolinhos na
bolsa
e às vezes diziam “olha, eu trouxe esse rolo de papel
higiênico pra deixar aqui”
e deixavam,
para que pudessem se limpar adequadamente na próxima visita.
para que pudessem se limpar adequadamente na próxima visita.
durante alguns meses, essas mulheres de bom coração (sentiam
pena de mim)
me abasteceram com seus rolinhos gentis, mas também com tipos
diferentes de
amor,
alimento,
sobrancelhas,
sorrisos,
sorrisos,
corpos e fios de cabelo
mas aos poucos tudo acabou.
elas me deixaram, eu as deixei.
não existia mais amor a oferecer —
ou o refúgio de que tanto necessitávamos.
(era simbiótico.)
anos depois, tendo saído honrosamente do inferno pela
arrombada porta da frente,
ainda carrego comigo essas garotas,
exatamente como carregavam seus rolos de papel higiênico
e
assim como elas faziam, eu as uso para limpar tudo aquilo que escorre de mim
em noites como essa.exatamente como carregavam seus rolos de papel higiênico
e
assim como elas faziam, eu as uso para limpar tudo aquilo que escorre de mim
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