Na manhã de hoje, Deus (que é todas as coisas) me foi
e me fez soar por ruas da memória e cheiros,
mas me amputou a caneta.
Enviou-me espelhos sem olhos
e me cobriu de olhos sem punho.
Fui espectador e protagonista.
Inserido e ausente em mim, senti farpa na sola —
percepção terrena.
percepção terrena.
Presenciei tratores que tanto me atraem,
não pude sequer querer interferir.
Compreendi
(como compreendi a carne suculenta diante de mim)
que o equilíbrio é balança e não deve ser tocado.
Na manhã de hoje, Deus me aboliu a rima
e me deu boa memória.
Vestiu-me de higiene mas borrou-me as mãos.
Compreendi;
não anunciei.
Na manhã de hoje, Deus me enviou um novo verbo.
Na manhã de hoje eu apenas sive.
Leo!
ResponderExcluirNo princípio, numa manhã, numa tarde, num ônibus...
ResponderExcluirBom passear por aqui, Leo.
Beijo, B.