Volto ao poema não como o
filho pródigo;
Volto como o inquilino
inadimplente, sem simpatia, distante e pálido.
Volto não porque preciso;
Volto ao poema porque não
tenho outro Onde, abrigo, teto, ombro, rede...
Engulo seco o catarro
artificial, enxugo seco as lágrimas de culpa.
Volto ao poema sem
vergonha, sem orgulho, volto num tropeço, recaída –
Volto ao
poema como o alcoólatra limpo que, num pestanejar,
Agride a esposa com a mão do passado,
Porque
um alcoólatra é para sempre um alcoólatra e um poeta há de sempre retornar,
cabeça baixa, peito estufado, punhos cerrados.
Volto desgarrado porque, a
bem da verdade, contrato nunca rompi
e daqui não pretendo fugir
tão cedo.
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