Metíamos
num colchão no chão. Sem amor. Metíamos como quem castiga ou pratica exercício
e eu só pensava em encerrar. Ambos fingíamos.
Gozei.
Encenei
algum afeto — emprestei amor aos meus olhos — e virei para o lado, na busca de
algum tecido que limpasse a cena; dei de cara com seu absorvente sujo e ainda
úmido. Não consegui desviar. Encarei aquilo por alguns segundos e o que me
incomodou, afinal, não foi o sangue, mas o aspecto daquela
fraldinha ridícula, tão humana, tão comportada, tão indefesa e patética.
Covarde, com suas abas que nunca prendem direito, embora grandes demais.
—
Ai, não olha! — ela disse, movendo-se bruscamente como quem se assusta.
—
Não olha o quê? — dissimulei. — Só tava procurando alguma coisa pra te
limpar!
"Só
tava procurando alguma coisa pra te limpar", repeti no
pensamento. "Parece que eu falo com uma criança".
Nisso,
olhei de volta em seus olhos mas não consegui fixar. Fui repentinamente tomado
por aquela tristeza que você, leitor, conhece tão bem — naufrágio num peito
seco.
Finalmente
ela se levantou, catou sua roupa e foi ao banheiro, contíguo ao quarto.
Deitado,
vazio e mirando vagamente o teto, fingi não ouvir seu grito que dizia
"Quer vir tomar banho comigo?".
Então
fechei os olhos e vi um mosaico nascer.
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