Eu já tive 16 anos.
Eu também já amei assim.
Dócil. De brincar como filhote mamífero.
Mas acaba. E não ouso avisá-los.
Observo, invejoso.
Ah, esse amor puro
de fresco hálito!
De pensamentos que não se perdem
com transliteração, por compartilharem idioma:
o mais sublime de todos.
Esse amor de alugar qualquer filme
à tarde, comédia, terror,
importa?
Quem vai dar o primeiro tiro,
não sei.
Ele, traição
Ela, desinteresse…
É penoso não conseguir
apenas admirar esse amor de namorados
sem ressalvas, sem alertas.
Mas já inevitável.
Eu não tenho mais 16 anos.
Já não consigo amar assim:
macio, liso, puro.
Guardo em mim
pouco de mim.
E tento salvar o que restou.
Dúvida, frigidez, ressalva...
Sexo: carne fria massacrando carne fria.
Sem vontade, encanto,
amor assim.
“Que na verdade ainda não é amor”,
é o que afirmamos,
numa tentativa vã de driblar nossa incapacidade
de amar plenamente.
Será o amor um dom reservado aos jovens?
Os jovens, que pouco sabem
e muito pensam que sabem.
Sabem amar apenas.
(Apenas?)
Esse amor cansado de adjetivos
que observo, capto, invejoso.
Nossa, que texto fantástico. Parabéns!
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