Um
homem entra numa padaria sem despertar grandes interesses. De olhar fixo,
caminha até o balcão, apóia a parte inferior da palma direita e batuca
inconscientemente um ritmo indefinido. O funcionário da padaria lavando a louça
o ignora. O homem, ainda de pé, quebra o silêncio:
—
Você me arranjaria um copo d'água pra eu tomar meu remédio?
O
atendente levanta os olhos e estende um copo de 300ml, cheio até a boca.
Sem
dizer palavra, o homem tira do bolso um frasco. Rompe o lacre, abre a tampa e
despeja todos os comprimidos na palma da mão direita. Sempre calmo, leva todos
os comprimidos à boca e os engole com ajuda da água e certa dificuldade. O
atendente observa tudo isso com espanto. A padaria está cheia.
O
suicida finalmente senta-se num tamborete e, sempre calmo, morre ali mesmo,
diante de todos.
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