este será
um poema sincero.
e se o
escrevo hoje
(cinco dias após o fato que o motivou)
é porque
não havia encontrado ainda a sinceridade
necessária.
este poema
é para uma prostituta.
uma
prostituta que não tem orgulho
mas também
não vergonha
da profissão.
da profissão.
se escrevo
pensando nela é porque captei algo extra
naquela
mulher,
e não estou
falando sobre sexo ou corpo ou carne ou abate.
ela foi
sinceramente gentil
e mesmo
quando avisei que não transaria naquela noite
ela disse
“tudo bem, posso ficar aqui com você?”
sim.
conversamos
francamente e eu disse que a admirava porque
ela tinha
de ser tudo:
escrava,
cadela, objeto, amiga, psicóloga,
e até mãe
de alguns
homens que as frequentavam.
e tinham ainda aqueles cruéis
que
revidavam nessas profissionalmente-desalmadas
a sua frustração:
empregos massacrantes, falta de talento ou sorte,
a derrota
do time,
parcelas do IPVA,
um casamento fracassado, quatro filhos…
um casamento fracassado, quatro filhos…
por fim ela
se cansou e foi faturar.
mas não sem
antes tentar se desculpar comigo.
“é o seu trabalho”, eu disse
“é o seu trabalho”, eu disse
e fiquei
com o whisky.
este poema
foi um expurgo.
este poema
não teve rimas e nem deveria mesmo ter.
este poema
é o esperma que não jorrou
aquela noite.
Caraca, adorei!
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