Eu
tenho ódio.
Muito
ódio em mim.
E
sinto esse ódio no estômago,
Nos
ombros, trapézio
Dentes
Dentes
Omoplatas
Na
glândula timo
Sinto
ódio se uma pena cai
Ou um corpo morto me esbarra
Sinto
ódio se me enrolo num fio
Ou
percebo covardia no outro
Sinto o ódio na garganta e no rosto,
No
estômago e extremidades
No topo da minha cabeça calva –
No topo da minha cabeça calva –
Sobretudo
no estômago.
Transbordo ódio quando encho a cara
Me sinto ameaçado.
Eu
sofro disso.
Eu sinto
ódio todos os dias.
Um
ódio descomunal.
No
entanto,
Descrever
o ódio não é legítimo,
Sequer
terapêutico.
O momento do ódio é breve e devastador.
Todo
o resto é abscesso.
Eu
tenho muito ódio em mim.
E
me sinto esmagado
Então
revido
Rompo o silêncio
Tremo
Ranjo
Berro.
Fecho
os olhos
Formigando
Tonto
Respiro
Quente
E me torno quieto outra vez
Como
se muito pouco tivesse acontecido.
Eu
sinto ódio.
Muito
ódio
Dentro de mim.
Dentro de mim.
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