Você
que já me viu seduzir a noite
e beber sangue de vagina
desvirginada,
ou você que acreditou nisso…
você não é capaz de me
imaginar sob o chuveiro
encolhido
abraçando meu próprio corpo
com as luzes apagadas.
Isso você não pondera.
Você me apunhala porque não
percebe que
também sou carne e sangue.
Você que me viu com tantas
mulheres
e acredita que meu coração é
um pênis
não pensa que
se ando sumido
é porque talvez não tenha
mais forças
(meu suicídio afetaria sua
vida apenas duas semanas depois de consumado).
Você
que pensa
que sou um garanhão,
um homem sem piedade ou alma
se engana.
(A culpa foi minha?)
Você torna a me apunhalar,
cuspir,
você pinta minha caricatura
com guache
e expõe ao público –
não me manda o convite da
exposição.
Sua obra-prima me passa
desapercebida.
Você não vê meu reflexo no
espelho clamar calado por socorro.
Na verdade você já não
costuma pensar em mim.
Por isso estou sozinho.
Por isso eu fugi.
O sangue virgem secou, amigo.
Agora só recebo carne usada
e mal sei usá-la.
Esqueci o sentido do corte,
cansei de armazená-la.
Vai, purifica sua lembrança
sobre mim.
Tira o punhal da minha
garganta.
Esquece aquele sangue virgem.
Eu não sou assim.
Ouve meu choro abafado.
Me dá um abraço.
Me
perdoa.
Oi. Conheci seu blog por meio do Fabio do A Magia da Poesia e estou adorando seus escritos! Parabéns!
ResponderExcluirEste poema, em especial, me deixou sem palavras!
Acompanharei suas letras.
Abs,
Te falar, esse é inegavelmente o mais Hermes Lacerda de todos. Ele tem mais o subjetivismo do Hermes que até o Uma Vila.
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