nossa estria é um mosquito zunindo.
o poeta diria corda no pescoço
ou grilhões sobre os membros
mas não é assim tão
vital.
é um cachorro mordendo o calcanhar
é tentar lembrar o que se esqueceu
e não lembrar
é rimar sem intenção.
só me enxergo com seus olhos e o que vejo é cruel.
nossa estria são cupins roendo meu ego
quando a noite cala.
com maestria você rege a orquestra fúnebre
do silêncio –
seu rosto se transformou,
parece borracha.
nossa estria são cupins roendo minha cama quando a noite
seca.
essa estria –
que embora às vezes quase suma –
pode
ser quelóide coronária
quando peço doses de Cynar
e só percebo na terceira dose
que essa é a bebida do nosso
primeiro ritual –
e já
aqui você dissimulava.
as
estrias que você tanto tentou esconder
não
se parecem em nada com as que
exponho
agora
essas doem demais,
acredite
inverno, 2012, São Paulo/SP
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