Surge úmida a bailarina na parede que me abraça.
Parece gingar firme e macia, celebrando
a urgência desse monstruoso inseto caído.
Duro e absoluto,
Duro e absoluto,
perninhas aflitas sobre carpete de cimento e musgo
Tudo é magnífico nesse inseto angustiado!
Suas dimensões e a forma como ele segura sua minúscula cabecinha
com suas minúsculas mãozinhas
e também o modo como ele aponta para o céu, amaldiçoando os deuses
por terem-no condenado à natureza de inseto-pensante
A bailarina na parede gira e gira e exala um cheiro de banho
que me acaricia o coração e o sexo.
Venta leve
Um rádio distante toca músicas mesmo banais, conferindo à cena toda uma paz bairrista.
O inseto
segue buscando uma resposta.
Eu não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário