tédio.
nenhuma rota de fuga hoje.
ilhado no meu recanto
alheio à chuva
filtro sons
mato alguns mosquitos, mato o tempo, corto as unhas do pé.
sinto que alguém me observa.
atuo numa fantasia premeditada, esperando que algo aconteça.
nada jamais acontecerá.
cato fios de cabelo pela casa.
ouço a chuva,
corroído pelo vazio.
escuto passos no corredor e imagino uma visita inesperada.
outra porta se abre,
minha fé se fecha.
a chuva resolve se lançar com tudo
me fazendo lembrar de um amigo que mora na rua.
torço pra que ele esteja seguro.
(certamente estará.)
vive na rua com a filha de um diplomata nigeriano.
tempos atrás, essa garota me ofereceu um boquete no meio de uma noite turva
por 5 reais.
não aceitei.
só não consigo me lembrar o motivo
disso tudo.
05/2012
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